Mergulho no tempo

Onde foi que perdemos aquela calma de infância?
Aquele tempo que não havia maneira de passar, e nós que nunca mais eramos crescidos para fazermos o que queriamos. E se queriamos poder fazer coisas ...hum hum! Puro contracenso de quem agora dava tudo para ter um tempinho para não fazer praticamente nada e poder ver, por uns dias que fosse, as horas passar ao compasso do vento nas folhas das árvores.

Manhãs inteiras de olhos pregados Televisão, fascinados com o Justiceiro, o McGyver, o Tom Saywer e a Galática. Brincadeiras na rua, um tédio pontuado com a adrenalina de um disparate qualquer.

Tudo era uma grande aventura, uma caderneta de cromos, um orgão que tocava sózinho, uma corrida de bicileta, um corneto ou um perna de pau comprados às escondidas dos pais...

As coisas dos adultos eram enfadonhas, aprumadinhas e secantes... e a verdade é que muitas não deixaram de ser mas nós passámos a entrar no jogo.

Onde é que entrámos na espiral do tempo?

Ontem já eram perto das 2h00 da manhã quando parei com o furioso teclar que fazia sinfonia com as nostálgicas músicas que passavam na rádio e desligava o computador finalizando um briefing.

E dei comigo a pensar que agora perdemos facilmente a noção do tempo mas não porque "era tal a risada que nos descuidámos nas horas".

E lá vamos tentando encaixar tudo na agenda, arranjamos até forma de esmagar as coisas umas contra as outras e tirar-lhes o ar para ficarem bem compactas, e no final é com frustação que percebemos que a bagagem é maior que a mala e que deixar uma folguinha na mala é uma opção inteligente para as coisas irem ocupando o seu lugar.

É por essas e por outras que hoje só para me vingar do tempo vou deixar tudo e deliciar-me com uma bela massagem que me ofereceram no Natal.