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Este fim de semana comecei oficialmente à procura de casa para comprar.

Iniciar o processo de compra de uma casa é uma aventura. E não me refiro às papeladas e estopadas que nos fazem pensar se não estariamos bem quietinhos e sossegadinhos onde estávamos. Refiro-me à aventura anterior: depois de devidamente idealizada a casa que desejamos, parte-se à descoberta do que há disponível no mercado de acordo com o valor que estariamos dispostos a pagar... A aventura é chegar a um concenso. No final ou baixam as nossas expectativas ou aumenta o preço a pagar.

Apartamentos a estrear de preços puxados, com quartos onde mal cabe uma cama e com halls enormes; casas de banho em frente a portas da entrada; banheiras de hidromassagem que se usam uma vez para experimentar e jura-se para nunca mais; salas com tectos trabalhados onde reina a falta de gosto... um sem número de erros e pormenores gritantes que me iam fazendo questionar se serão os construtores a desenhar as casas.

Será que ainda ninguem se lembrou de vender uma casa sem extras? Vendiam o espaço, com as paredes, canalizações, tubagens e pré-instalações, mas sem portas e janelas, sem casas de banho, nem cozinhas montadas. Sem coisas com que tenho que levar lá porque comprei aquele andar esquerdo ou direito. Se até os carros de fábrica já são personalizáveis... quando é que isso chega aos apartamentos prontos para venda com possibilidade de personalização em após-venda em vez de vir com tudo de série?

Com o preço base da casa mais baixo as vendas potencialmente disparavam. Tudo o resto seria serviço prestado (desde equipamento a acabamentos):
- “Quer uma estante na box da garagem? Concerteza. Escolha o modelo, o numero de prateleiras, a cor e a dimensão e o preço máximo que estaria disposto a pagar, colocaremos dentro de 2 semanas”.
- “Quer duas riscas na parede em azul? Concerteza. Escolha por favor o pantone e os efeitos do nosso catálogo ou envie-nos o seu desenho”.
- “Viu um móvel de cozinha no IKEA e quer que verifiquemos os módulos a adaptar e o montemos?...”
- “Quer deitar uma parede a baixo e fazer só um quarto do T2?...”
- “Ah o seu vizinho encomendou uma porta de entrada à prova de som e quer uma porta blindada à prova de fogo...?” etc...
Feitas as contas, os construtores tinham mais trabalho (ou seja, tinham que ter vendedores como deve de ser e quem fizesse a gestão das encomendas e da instalação a pedido), mas acabavam por até poder ganhar mais no final com um serviço à medida e um cliente muito mais satisfeito.

Pergunto-me... Não há uma visão periférica do negócio? Ou serei apenas mais uma idealista?